Quais são os problemas mais comuns em obras e como evitá-los INBEC Pós-Graduação

© Mathieu Stern on Unsplash - ArchDaily Brasil/Reprodução

Ao mesmo tempo que a obra é uma etapa ansiosamente aguardada pelos clientes, ela é igualmente trabalhosa para os arquitetos e engenheiros envolvidos em sua gestão, pois reserva uma série de dificuldades e desafios envolvendo projeto, orçamento e mão de obra. Com alguns acontecimentos imprevisíveis e outros tantos conhecidos, é possível se preparar para essa etapa buscando direcionar o andamento da obra para que ela seja o mais tranquila possível.

A obra, seja ela de reforma ou uma nova construção, é uma etapa desafiadora para os clientes e também para os técnicos envolvidos, pois é o momento que combina o projeto, o planejamento e a execução de uma construção.

Para se iniciar uma obra visando ter o mínimo de problemas em seu percurso, é importante compor uma equipe de acompanhamento de obra habilitada, idealmente composta por arquiteto ou engenheiro civil, os quais precisam estar inteirados do projeto, orçamento e do cronograma, e também ter uma boa relação com a equipe de trabalhadores especializados da obra, como o mestre de obras, pedreiro, encanador, eletricista, ajudante etc.

Além de uma equipe de trabalho de confiança, é importante também iniciar a obra com algumas peças chaves: projeto executivo liberado para obra, projetos complementares prontos (elétrica, hidráulica, estrutura, esquadrias e etc), orçamento completo de mão de obra e de material e cronograma definido.

Essas peças técnicas combinadas com a organização da gestão direcionam questões como recursos e tempo de execução. Porém, é sempre possível que outros tantos desafios apareçam e interfiram no andamento da obra. Veja a seguir quais os problemas mais comuns a serem enfrentados.

Erros de execução e dificuldade na leitura e compreensão do projeto

É muito comum haver erros de execução pela falta de entendimento do objeto a ser construído, o que pode-se dar por alguns motivos como a inabilidade de leitura de desenhos técnicos, material gráfico de difícil compreensão e até ausência de definições de projeto. Outro motivo também são os erros de execução a partir da falta de acompanhamento adequado da obra.

Estratégia de enfrentamento: Das muitas etapas de projeto, uma das últimas é o projeto executivo liberado para obra, que consiste em um conjunto de desenhos a serem gerados para guiar a construção. É importante sempre manter os desenhos na obra, de modo que esses sirvam de guia para os trabalhadores construtores, e, ao mesmo tempo, é importante que haja muitas trocas entre os construtores e os técnicos de acompanhamento, garantindo a compreensão do projeto e também do desenho. Além disso, é importante que a equipe faça um acompanhamento atento à execução, mantendo registro dos acontecimentos e das decisões tomadas.

Gastos excedentes

É muito comum, principalmente em pequenas reformas domiciliares, iniciar obras sem um planejamento de custos de material e serviços, o que resulta em duas situações comuns: ou precisa-se comprar material com frequência e urgência, o que faz com que as pesquisas por menores preços e negociações sejam prejudicadas, ou ainda compra-se uma quantidade maior de material, gerando desperdício.

Estratégia de enfrentamento: Para qualquer obra, independentemente da escala, é importante fazer um orçamento completo, tanto de mão de obra quanto de material, para haver uma previsão de gastos e um planejamento financeiro, ao mesmo tempo que é importante incluir esse orçamento a um cronograma físico da obra, que determine quando serão necessários os desembolsos. Além disso, é importante haver sempre uma revisão entre qual era o material necessário, o que foi utilizado e qual foi o rendimento, para corrigir a previsão de gastos no decorrer da obra, afinal o orçamento é uma expectativa de valores baseado em projeto e pode oscilar a depender do grau de detalhamento.

Atrasos nos serviços

Talvez um dos problemas mais clássicos da construção civil, o atraso de obra, a depender da escala de cada situação, pode representar grandes problemas financeiros para os clientes. Por um lado, os atrasos na construção podem acontecer por diversos fatores externos, como problemas com a documentação, intempéries ou imprevistos relativos ao terreno ou à vizinhança, questões imponderáveis que quando acontecem acabam estendendo o tempo de execução de alguns serviços. Por outro lado, em alguns casos os atrasos acontecem devido à falta de planejamento dos serviços, ou ainda planejamentos incorretos, que não levam em consideração todos os fatores envolvidos.

Estratégias de enfrentamento: Primeiramente, é importante elaborar um planejamento de serviços, baseado no projeto liberado para a obra, mas com participação também de todos os envolvidos, tanto daqueles que gerem os recursos, que fazem as cotações, compras e contratações, como daqueles que de fato constroem. Os pontos de vista desses trabalhadores dão uma perspectiva mais real do trabalho que precisa ser executado, e portanto prevê-se prazos mais apurados e cronogramas mais fiéis. Além disso, é importante que a obra sempre preveja algum tipo de recurso para lidar com imprevistos imponderáveis, como é o caso das questões naturais do clima, por exemplo.

Imprevistos “previsíveis”: laudos, sondagens, levantamentos

É comum as pessoas optarem por iniciar uma obra sem ter todas as informações em mãos, de modo que alguns assuntos considerados secundários acabam ficando de escanteio e causando grandes transtornos futuros, como é o caso de sondagens de solo, por exemplo, ou ainda um levantamento apurado as-built no caso de reformas. Esses documentos, que muitas vezes são simples e mais baratos de serem obtidos, contém informações que podem evitar problemas de execução.

Estratégias de enfrentamento: Durante a etapa de projeto os técnicos devem sinalizar todos os tipos de documentação necessária para a execução do projeto e da construção, os quais devem ser desenvolvidos e executados a partir desses documentos, evitando assim erros de execução, embargos e até acidentes.

Problemas burocráticos

Há uma série de documentos que regularizam uma obra e órgãos de classe que fiscalizam os canteiros. Seja do ponto de vista dos técnicos ou dos trabalhadores. Há, ainda, órgãos estatais que fazem a fiscalização a partir de questões ambientais, burocráticas ou até patrimoniais. A ausência dos documentos assegurando que tudo está de acordo com a legislação pode acarretar em notificações, multas, processos e embargos. Garantir que essa documentação esteja em dia é de suma importância para evitar possíveis interrupções.

Estratégias de enfrentamento: Durante a etapa de projeto é fundamental ir atrás da regularização de documentações e aprovação em todas as instâncias necessárias, prestando atenção ao prazo de validade desses documentos. Além disso, é importante conferir se a equipe ou empresa contratada para executar a obra contrata seus trabalhadores de forma regular. Para tanto, é importante que a equipe de gestão assuma a responsabilidade técnica de acompanhar esses documentos para evitar grandes surpresas.

Esses são só alguns dos casos mais comuns de problemas em obras. Cada etapa, porém, apresenta desafios e dificuldades que podem se tornar problemas se não houver um planejamento cuidadoso e uma gestão atenta. Assim, é fundamental que arquitetos e engenheiros façam esse acompanhamento, prevenindo problemas e economizando recursos.

Fonte:

- ArchDaily Brasil.