O que é retrofit? Conheça exemplos no Brasil



O que é retrofit? Conheça exemplos no Brasil
Imagem: Weg/Reprodução

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Retrofit é uma tendência de construção sustentável que proporciona a revitalização de edifícios antigos e históricos



O que é retrofit


Retrofit é uma tendência dentro da área de construção que tem se tornado muito popular nos últimos anos. A expressão faz parte do vocabulário de arquitetos, construtores e decoradores. O retrofit surgiu como uma solução para edifícios abandonados ou em péssimas condições de utilização, proporcionando uma vida extra aos espaços e preservando o patrimônio histórico.


Ele se refere à renovação e atualização dos imóveis com o objetivo de buscar sua eficiência, mas mantendo as características intrínsecas do local "retrofitado". Para isso, há a adaptação e melhoria de equipamentos e estruturas, em função do conforto e ampliação das possibilidades de uso de um antigo edifício. O retrofit é capaz de melhorar a qualidade de vida oferecida pelo ambiente, além de torná-lo mais sustentável.


Muito mais do que uma simples reforma, o retrofit estende a vida útil das edificações e as revitaliza, ao mesmo tempo em que preserva a memória e permite um renascimento da propriedade. Ele mantém o que há de bom na construção existente e faz a adequação às normas e exigências atuais, com uso de tecnologias avançadas em sistemas prediais e materiais modernos. Dessa forma, o bem arquitetônico renasce mais moderno e adequado às necessidades contemporâneas



Surgimento do retrofit


A prática surgiu na Europa, e também é muito difundida nos Estados Unidos. O retrofit apresenta importância crescente devido à grande quantidade de edifícios históricos que necessitam de uma revitalização para uma utilização adequada, atendendo à legislação no que concerne à preservação do acervo arquitetônico.


Quando se trata da preservação de um patrimônio histórico, o retrofit é uma ferramenta para atualizar o edifício sem comprometer a memória e arquitetura do local. Contudo, quanto mais antiga a edificação, mais complicado e caro se torna o retrofit. Em alguns casos fazer o retrofit tem maior custo econômico do que derrubar o edifício e construir um novo, mas quando se trata de um patrimônio cultural o valor histórico fala mais alto e deve ser levado em consideração.


Algumas distorções e problemas surgem e se acumulam ao longo do tempo de uso e vida de uma instalação; o retrofit é uma oportunidade de corrigir essas questões. Consequentemente, há a melhoria na qualidade do ar, há a redução de custos operacionais, economia de energia e valorização do imóvel.


A necessidade de realizar o retrofit muitas vezes decorre de instalações elétricas ou hidráulicas ultrapassadas ou avariadas. Com o retrofit, tecnologias atuais e mais resistentes são empregadas, além de novas soluções para fachadas, circulação, proteção contra incêndio, entre outros.



Diferença entre retrofit e reforma


A principal diferença entre retrofit e reforma é que, no primeiro caso, existe uma preocupação em manter as características originais do projeto. Além disso, um projeto de retrofit costuma ser mais caro, já que exige a contratação de mão de obra especializada e atenção maior com os materiais.


Outra diferença é que o retrofit é utilizado em processos de revitalização de grandes áreas urbanas.



Benefícios do retrofit


Se corretamente planejado, projetado e executado, o retrofit pode trazer diversos benefícios, inclusive financeiros. O retrofit diminui custos com manutenção, garante o atendimento às normas, aumenta as possibilidades de uso do local, reduz gastos com energia e água, entre outros fatores. A economia de energia pode chegar a 40%. Além de diminuir os custos, o retrofit também poupa o meio ambiente, na medida em que favorece a sustentabilidade do edifício, com a utilização de tecnologias eco-friendly.


Algumas soluções simples podem garantir que o edifício se torne mais eficiente. Se há grande aquecimento de temperatura no ambiente em decorrência de uma janela, a instalação de uma película de proteção solar pode resolver o problema. Assim, há conforto térmico e redução da necessidade de sistemas de climatização.


Dentro do retrofit, uma questão fundamental é a adequação dos sistemas de iluminação. É essencial a substituição de lâmpadas antigas por equipamentos mais modernos, como lâmpadas LED, sensores de movimento, películas protetoras que garantem conforto térmico e lumínico, entre outras tecnologias que devem ser analisadas de acordo com a necessidade do edifício.


O retrofit não se limita a edifícios e construções. Ele também pode ser aplicado em grandes áreas urbanas como parques e espaços públicos.



Exemplos de retrofit


1. Hotel Fasano, em Salvador


Imagem: Booking.com/Reprodução



O primeiro exemplo de retrofit é o Hotel Fasano, em Salvador. O prédio original, em estilo art déco, foi inaugurado em 1930 e durante 45 anos abrigou alguns escritórios, entre eles a sede do jornal A Tarde. Outro exemplo de retrofit na cidade de Salvador é o Fera Palace Hotel, que foi inaugurado em 1934 e reinaugurado em 2017 depois de um trabalho detalhista de restauração.



2. Pinacoteca do Estado de São Paulo


Imagem: Weg/Reprodução


Um dos grandes exemplos de aplicação de retrofit no Brasil é o projeto da Pinacoteca de São Paulo, realizado por Paulo Mendes da Rocha, um dos maiores arquitetos brasileiros.


O edifício original – construído no final do século XIX – passou, ao longo dos anos, por diversos tipos de ocupação, transformações, estragos e até mesmo abandono.


Assim, o projeto de revitalização tinha como objetivo principal adequar a edificação conforme as necessidades técnicas e funcionais para transformá-la definitivamente na Pinacoteca.


Para tanto, havia diversos desafios para resolver, como umidade, vazios internos, uma planta original rígida e um plano de acesso comprometido pelas áreas em seu entorno.


Sem deixar de preservar a construção original e suas fachadas externas, o projeto contou com adequações como:


  • Instalação de uma nova rede elétrica;

  • Criação de uma nova espacialidade do interior do edifício;

  • Reforço estrutural dos pisos;

  • Inclusão de elevadores para garantir acessibilidade;

  • Telhados com vidros para aproveitar melhor a iluminação natural.



3. Edifício Martinelli, no Centro Histórico de São Paulo


Imagem: Weg/Reprodução


O projeto retrofit do Edifício Martinelli, assinado por Paulo Lisboa, teve a missão de revitalizar o primeiro arranha-céu da cidade de São Paulo. A obra, que havia sido construída em 1929 e é tombada pelo patrimônio histórico, tornou-se a Secretaria Municipal de Licenciamento.


Para o projeto de revitalização, era necessário preservar as fachadas do prédio bem como sua volumetria. Por outro lado, as adequações deveriam focar em adaptar o edifício para o estilo de trabalho atual.


O desafio, portanto, era trazer soluções modernas em contraste com a historicidade de um edifício tombado. Para tanto, dentre as melhorias, o Edifício Martinelli passou por modificações como:


  • Criação de espaços integrados;

  • Sistema de climatização;

  • Estrutura de cabeamento para informatização;

  • Qualificação dos pavimentos;

  • Nova iluminação para trazer mais iluminação para os locais de trabalho.



4. SESC Pompeia, em São Paulo


Imagem: Weg/Reprodução


Outro exemplo de aplicação da técnica retrofit no Brasil é o projeto de Lina Bo Bardi, que transformou antigos galpões de uma fábrica de tambores em uma das mais belas unidades de lazer e cultura do SESC.


O projeto de restauração e revitalização durou 5 anos, de 1977 até 1982. A arquiteta teve como foco o conceito do restauro crítico, que busca atualizar uma construção, e não simplesmente refazer a edificação em seus moldes completamente originais.


Com essa concepção, a ideia do projeto era recuperar e preservar a antiga fábrica, mas a partir de uma visão adaptada aos dias atuais. Assim, foram trazidos tanto conceitos novos, como a democratização dos espaços, quanto a preservação de elementos históricos, como os latões de lixo em referência aos tambores.



5. Edifício Galeria, no Centro do Rio de Janeiro


Imagem: Weg/Reprodução


A empresa Tishman Speyer, responsável pelo projeto de retrofit do Edifício Galeria, realizou o processo de restauração e modernização de 2009 a 2011. A construção, que era da década de 1930, foi amplamente revitalizada, trazendo novas instalações na parte elétrica, hidráulica e de telecomunicações.


O objetivo era possibilitar a instalação de grandes empresas, tornando a edificação um dos melhores edifícios corporativos e comerciais da cidade. Para tanto, o projeto buscou manter a herança cultural e histórica da construção, trazendo ao mesmo tempo modernização do espaço físico e das instalações para atender as demandas atuais.


Assim, o processo de revitalização do Edifício Galeria contou com:


  • Reforço das fundações, colunas e estruturas;

  • Restauração das fachadas;

  • Total refação da parte elétrica com nova tecnologia;

  • Implantação de tecnologias de ponta, como elevadores modernos, sistema eficiente de ar-condicionado, acesso para pessoas com deficiência e sistemas robustos de segurança.



6. Edifício Altino Arantes (atual Farol Santander)


Imagem: Guia de Rodas/Reprodução


Em São Paulo, um dos exemplos de retrofit mais famosos é o Edifício Altino Arantes (atual Farol Santander), inaugurado em 1947. Após a última reforma, em 2017, ele passou a abrigar um espaço cultural e um museu com a história do edifício.


Fontes:

- eCycle

- Weg


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