Governo do Ceará autoriza construção da maior usina de dessalinização de água do mar do País



Governo do Ceará autoriza construção da maior usina de dessalinização de água do mar do País
(Foto: Governo do Estado do Ceará/Reprodução)

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Projeto inovador que será implantado em Fortaleza vai diversificar a matriz hídrica do Estado


O governador Camilo Santana assinou, nesta terça-feira (20), a ordem de serviço para a construção da usina de dessalinização em Fortaleza. Estiveram presentes na solenidade, o secretário das Cidades, Zezinho Albuquerque, o presidente da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), Neuri Freitas, e representantes do consórcio Águas de Fortaleza, integrante da Parceria Público-Privada (PPP). 


A autorização marca os 50 anos de atuação da Cagece. De acordo com o chefe do Executivo Estadual, com esse projeto pioneiro no Brasil, o Ceará passará a contar, além de fontes tradicionais de água e da transposição do Rio São Francisco, com a água do mar dessalinizada própria para consumo humano.


É um dia muito importante para Fortaleza e para o Ceará. É um passo histórico que nós estamos dando. É o Ceará inovando e trazendo para cá, com a parceria privada, a maior usina de dessalinização de água do mar do Brasil”, comemorou Camilo Santana, destacando que o Governo do Estado vem buscando alternativas para atravessar períodos de seca e garantir água potável para todos os cearenses.


A usina será instalada na Praia do Futuro, em Fortaleza, com linhas adutoras de água tratada que entregarão os volumes produzidos nos reservatórios do Morro Santa Terezinha e da Aldeota. 


Com capacidade de produção de água de 1 m³/s, o empreendimento vai incrementar a oferta de água na Capital e Região Metropolitana em 12%. Isso beneficia cerca de 720 mil pessoas na Capital, abrangendo a área dos bairros Papicu, Varjota, Cidade 2000, Praia do Futuro, Caça e Pesca, Cais do Porto, Serviluz, Vicente Pinzón, Dunas, Aldeota e adjacências.


(Imagem: Governo do Estado do Ceará/Reprodução)



Zezinho Albuquerque, titular da SCidades, destacou que a usina traz mais segurança às famílias e ao setor produtivo. “Agora, temos mais essa fonte de água, que vai fazer com que os cearenses se sintam mais seguros, que os empresários possam acreditar mais. Ao mesmo tempo, quando se cria esse fato novo, que é a Cagece oferecer água diretamente do mar tratada, vai sobrar água para o agricultor lá do celeiro de Russas, Morada Nova. Então, muita gente vai poder usar água para agricultura, gerando mais empregos, que é um ponto fundamental do projeto”, afirmou.


Neuri Freitas, presidente da Cagece, relembrou que o projeto é fruto de iniciativas lideradas pelo Governo do Estado ainda em 2015, quando o Ceará enfrentava uma severa crise hídrica. “Na ocasião, foram pensados dois pontos principais. Um era diversificar a matriz hídrica. O segundo era buscar recursos da iniciativa privada para ajudar nessa construção, na evolução de todos os projetos de infraestrutura do Estado. E nós já começamos a trabalhar nesse projeto nos anos de 2016 e 2017”, contou.


As obras da usina de dessalinização serão realizadas em um área de 2,4 hectares, por meio de Parceria Público-Privada (PPP) com o consórcio Águas de Fortaleza, formado pelas empresas Marquise S/A, PB Construções LTDA e Abegoa Água S/A. Com 30 anos de vigência, a concessão possibilita que o consórcio Águas de Fortaleza seja responsável pela construção, operação e manutenção das unidades integrantes dos sistemas físicos, operacionais e gerenciais de entrega de água potável pelas ligações até os pontos de entrega, seus respectivos instrumentos de medição e a disposição final dos rejeitos gerados.


(Imagem: Governo do Estado do Ceará/Reprodução)



A empresa vai fazer todo o investimento, que vai ficar em torno de R$ 500 milhões, e a Cagece tem o compromisso de comprar essa água para, exatamente, atender a população, garantindo que não falte água na Capital”, explicou Camilo Santana. O total é de R$ 3 bilhões em contraprestações, pagas apenas a partir de quando a usina entrar em operação. A expectativa é que a usina comece a produzir água dessalinizada em 2025.



Tecnologia por osmose reversa


A usina de dessalinização deve utilizar a tecnologia por osmose reversa - também conhecida como osmose inversa - para obtenção de água potável. De acordo com os estudos divulgados pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), o processo de dessalinização por osmose reversa é o mais indicado para a planta cearense.


"Com base nas informações apresentadas e considerando que comercialmente não haveria outro processo ou tecnologia disponível e viável para a vazão requerida neste projeto (1m³/s), verifica-se que o processo de dessalinização por osmose inversa é o mais indicado para este caso", informa o anteprojeto de engenharia.


Ainda segundo os documentos, há hoje 55 plantas de dessalinização em funcionamento no mundo que utilizam o sistema de osmose. Esse processo é uma técnica que separa o solvente (água) do soluto (sal) por meio da aplicação de uma pressão sobre a água. Pressionada sobre uma membrana, a solução mais concentrada não penetra, mas a solução mais diluída atravessa o filtro, separando as duas soluções. Os estudos apontam que além da osmose reversa existem ainda outras seis tecnologias e processos de dessalinização.



Área


De acordo com os estudos, a área selecionada para a implantação da usina é a Praia do Futuro. O anteprojeto aponta a região com o melhor conjunto de atributos. "Não se esperam concentrações elevadas destes compostos (material coloidal, silte e patógenos) na área selecionada para o presente projeto. As informações disponíveis não indicam risco de floração de algas na área selecionada para a torre de captação", justifica o documento.


O anteprojeto informa ainda que a área da usina corresponde a um terreno de duas quadras parcialmente desocupadas. "A área total corresponde a 2,3 hectares (ha) ou 20,3 mil metros quadrados, sendo 2 ha referentes às duas quadras. O acesso principal à área da usina de dessalinização dar-se-á através da Rua Francisco F. Di Ângelo e Av. Dioguinho".


A usina captará água do mar a uma distância de 2,5 mil metros da costa e 14 metros de profundidade. "Para entrada de água do mar, é proposta uma torre de coleta submersa a, aproximadamente, 2.500 metros da costa e cerca de 14 metros de profundidade. A água capturada será conduzida através de vasos comunicantes para um tanque de água do mar localizado em terra. Na câmara de água do mar, um sistema será projetado para aumentar o tempo de permanência e permitir que as possíveis areias sejam capturadas e depositadas na costa ou no local aprovado durante a realização do estudo de impacto ambiental".


O anteprojeto também aponta que foi proposto um sistema de disposição final do concentrado salino via emissário submarino, distante 1,2 mil metros da costa onde serão instalados difusores de salmoura para garantir a rápida mistura da salmoura com o mar.


"Os pontos de captação de água marinha e da descarga de salmoura foram escolhidos tendo em conta o sentido das correntes para evitar a recirculação da salmoura da descarga para a captação. Deve-se verificar que a zona prevista para a descarga de salmoura não é uma área de proteção ambiental especial, nem que há fauna ou flora bentônica a ser protegida ou muito sensível", diz ainda o conteúdo do anteprojeto.



Fonte:

- Governo do Estado do Ceará

- Diário do Nordeste



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