Como evitar desabamentos nas edificações



Como evitar desabamentos nas edificações

Não é algo comum, mas situações de desabamento de prédio podem ocorrer. Em todos os casos, é sempre uma situação chocante que pode envolver uma série de erros que, somados, resultam em uma tragédia.


Com isso, é importante ressaltar que é imprescindível que as construtoras sigam, com 100% de precisão, as técnicas e normas de segurança próprias da construção civil, com o intuito de ter uma obra segura, evitando esse tipo de fatalidade.


Vamos abordar alguns motivos que podem levar a um desabamento de uma edificação e como evitar.



Fundações fracas


A fundação é responsável por suportar a carga da construção. Por isso, é preciso que seja elaborado um sistema de fundação que se atente a topografia do terreno, porte e peso da edificação, construções vizinhas, características do solo, dentre outros aspectos.


Mesmo em solo sólido, as fundações precisam ser fortes o suficiente para a carga. Por isso, não ter um projeto minuciosamente calculado, levando em consideração todos os aspectos da construção, pode gerar deslocamentos e fissuras nas estruturas. Essas fissuras podem ser as responsáveis por um desabamento.



Uso de material de construção abaixo do padrão


Para economizar, construtoras podem utilizar materiais com qualidade abaixo do padrão. No entanto, a segurança do edifício deve ser sempre colocada em primeiro lugar, não devendo ocorrer corte de investimentos nesse sentido. Como diz o ditado, “o barato sai caro”.


No Brasil, todo material de construção civil precisa seguir uma série de critérios determinados pela Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR.


Com base nessas normas técnicas, fica muito mais fácil identificar a boa qualidade dos materiais e realizar uma pesquisa de mercado mais assertiva.



Supervisão inadequada de obras e controle de qualidade insuficiente


A fase de supervisão é muito importante, uma vez que a vida útil do edifício depende dela. O momento da obra deve ser sempre muito bem supervisionado para averiguar se tudo está sendo feito conforme os projetos.


Esse momento, de controle da qualidade, visa atender todos os requisitos técnicos do escopo do projeto, colocando na prática tudo o que foi desenhado com a melhor qualidade e segurança possível.


Se essa etapa não for bem-feita, podem ocorrer erros que vão afetar negativamente o edifício, podendo resultar em problemas estruturais.


Um adendo importante é que a inspeção deve se atentar também ao momento da obra, evitando problemas de segurança não apenas no pós, mas também no durante. As normas de segurança devem ser seguidas à risca, com o uso de Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs) e Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)



Problemas no escoramento 


Durante a construção, enquanto o concreto não atinge a resistência necessária, é o escoramento que sustenta a obra. No entanto, a negligência na hora da montagem no escoramento pode ter consequências sérias que muitas vezes não ficam apenas no prejuízo financeiro – como é o caso de fissuras que, com o tempo, podem contribuir com a queda do edifício.



Alteração e intervenções que impactam a estrutura



Um edifício que foi originalmente projetado para suportar três andares e posteriormente convertido para suportar dois andares adicionais, sem consultar um engenheiro estrutural, pode desabar devido à sobrecarga e, consequentemente, ao estresse excessivo da fundação, por exemplo.


A fundação pode ter sido projetada para suportar apenas três andares, sem levar em consideração futuras expansões.


Outros fatores que podem contribuir são alterações de estrutura como eliminação de paredes, vigas, pilares, inserção de furos não previstos em projeto, dentre outros.


Caso seja necessária uma intervenção, é importante contratar um profissional habilitado que averigue a viabilidade das alterações a fim de constatar quais reforços na estrutura devem ser feitos para que a obra não seja comprometida.



Fraca conformidade com os desenhos e especificações de engenharia


Quando os desenhos e especificações não são seguidos criteriosamente durante a construção, isso pode resultar em obras com problemas estruturais. Para evitar a ameaça de colapso, é importante que o engenheiro produza detalhes de desenhos, claramente documentados e de fácil compreensão. Isso evita interpretações errôneas e erros na execução.



Falhas na execução da obra


De acordo com um artigo do Portal Mais Engenharia, existem alguns fatores construtivos que podem causar o desabamento de um prédio:


  • Definição e posicionamento de armaduras em desacordo com o projeto estrutural;

  • Métodos construtivos indevidos;

  • Falhas de concretagem;

  • Traço de concreto incorreto;

  • Cura do concreto malfeita;

  • Resistência dos materiais em desacordo com o projeto estrutural.



Falta de manutenção


Falta de manutenção na estrutura é uma das causas que podem ocasionar o desabamento de um prédio, a fim de assegurar a durabilidade e segurança da obra. Afinal, sem a inspeção e manutenção periódica, fica difícil saber se a estrutura do prédio tem problemas que devem ser corrigidos, evitando o comprometimento das estruturas e situações piores, como o desabamento.


A manutenção averigua se há fissuras, trincas, sobrecarga nas estruturas, infiltrações, dentre outros problemas.    



Confira a seguir cinco ações fundamentais para evitar o colapso de estruturas.




1) Fazer Inspeções Periódicas Regulares


Há um mito a ser combatido de que os edifícios são eternos e que não exigem qualquer tipo de manutenção. Para agravar a situação, a tomada de decisão em condomínios costuma ser lenta. "Não é fácil convencer os condôminos sobre a necessidade de arrecadação de taxas adicionais", comenta o engenheiro Enio Canavello Barbosa, vice-presidente da Abece (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural). Segundo ele, a solução pode ser inspirada na indústria automobilística, que conseguiu criar nos proprietários de veículos a rotina de acompanhar revisões periódicas.


A falta de inspeção e manutenção em edificações reflete em prejuízos financeiros e, o mais grave, em um grande risco às pessoas e à sociedade. “Deve-se dar atenção, principalmente, para a revisão nos sistemas de impermeabilização das lajes do subsolo, pois a infiltração de água acelera a corrosão da armadura que, consequentemente, leva à perda de capacidade de resistência”, explica o engenheiro Alexandre Tomazeli, do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias em Engenharia de São Paulo (Ibape/SP).



2) Adotar Boas Práticas e Capacitação Para Evitar Falhas de Projeto e de Execução




Segundo Tomazeli, os fenômenos patológicos em edificações podem ser congênitos, gerados durante a execução ou, ainda, ser adquiridos ao longo da vida útil da edificação. No primeiro grupo estão os erros de projetos ou o não atendimento às normas técnicas vigentes. Esse foi o motivo que levou ao colapso do Edifício Palace II, no Rio de Janeiro, por exemplo.


As falhas que são adquiridas durante a obra podem ser resultado do uso de materiais incompatíveis com os especificados em projeto e de erros de execução, como falhas de concretagem. Neste ponto, o engenheiro do Ibape-SP chama a atenção para a necessidade de especificar o concreto em função da agressividade do ambiente.



3) Prevenir Manifestações Patológicas Derivadas de Uso Inadequado da Estrutura


Falhas que levam à ruína das estruturas podem ser resultado, também, de problemas adquiridos ao longo da vida da edificação. Ao que tudo indica até o momento, esse foi um fator decisivo para o desmoronamento do edifício Andrea, em Fortaleza, em 2019.


Neste grupo de falhas enquadram-se, por exemplo:


Ausência de manutenções preventivas e/ou corretivas, conforme as imposições das ABNT NBR 16280:2014 - Reforma em edificações. Sistema de Gestão de Reformas

Mudança de uso (aumento de carga) sem as devidas verificações de cálculo e eventuais reforços estruturais

Falta de limpeza das fachadas no caso de concretos aparentes



4) Quando Necessário, Realizar Projeto de Recuperação com Profissional Qualificado


Qualquer intervenção estrutural deve ser executada tomando como base um projeto específico de recuperação. Neste ponto, é importante que administradoras e síndicos saibam que somente um engenheiro civil ou arquiteto habilitado especialista em Patologias das Construções pode avaliar as condições das estruturas de concretos, bem como de revestimentos de fachadas e outros sistemas das edificações.



5) Contratar Empresa de Reforma ou Reparo Estrutural Competente


O processo de contratação da empresa que irá realizar o reparo estrutural é de extrema responsabilidade. Uma recomendação é verificar previamente o currículo da possível contratada e visitar obras que foram executadas por ela. "É imprescindível que a empresa entregue a ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) da execução dos serviços. Assim, já se evitam empreiteiros sem qualificação", destaca Barbosa.


"A preferência deve ser por empresas capacitadas/especializadas com experiência. Se a empresa for jovem, é importante que seus gestores sejam especialistas e tenham experiência neste tipo de trabalho", complementa Tomazeli, reforçando que esse tipo de serviço jamais deve ser contratado pelo menor preço. "Na dúvida entre o mais barato e o mais caro, opte pelo orçamento de valor mediano e por preço global", orienta o engenheiro.



Conclusão


Uma série de fatores pode contribuir com a queda de um edifício. Por isso, o cuidado com cada etapa da obra deve ser sempre redobrado, levando em consideração todas as características da obra, do solo, da estrutura, dos materiais, dentre outros.


Depois de construída, devem-se evitar alterações sem um estudo correto. Além disso, a manutenção deve ser frequente, a fim de evitar problemas graves.


De forma resumida, se as normas regulamentadoras e de segurança forem seguidas à risca, muito dificilmente um edifício sofrerá uma tragédia desse porte.



Fontes:

- AECweb

- Metroform



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