Como 5G e transição energética estão conectados



Como 5G e transição energética estão conectados

Claro inaugurou maior usina de geração distribuída a biogás do Brasil (Foto: Agência epbr/Reprodução)


A neutralidade de carbono entrou de vez na agenda dos operadores de rede de telecomunicações, afirma Luciano Santos do Rego, diretor de Enterprise Business da Huawei Brasil.


Presente em cerca de 95% de toda a rede de telecomunicações no Brasil, há um mês a multinacional de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) criou uma unidade de negócios dedicada a soluções de baixo carbono.


Segundo Luciano, as próprias empresas de telecomunicações estão demandando soluções para descarbonizar suas operações.


A maioria delas com foco no fornecimento de energia limpa e eficiência, já que o consumo de energia é a principal fonte de emissão do setor.


“Com a implementação do 5G, principalmente para as operadoras de telecomunicação, existe uma tendência de que o consumo de energia total, dependendo da forma que a implantação for feita, chegue a dobrar, diz Luciano.


Ele explica que, conforme o volume de dados transacionados aumenta, cresce também o consumo de energia elétrica — e consequentemente as emissões relacionadas.


O grande desafio do setor de telecomunicações é fazer com que a implantação do 5G ocorra sem esse impacto do aumento do consumo de energia dentro das redes”, comenta.


Ao mudar as relações de trabalho e interação social, a pandemia de Covid-19 teve como efeito colateral uma demanda sem precedentes por comunicações digitais, forçando as infraestruturas de telecomunicações a consumir mais energia do que nunca e expandindo as emissões de carbono do setor.


Uma análise da Boston Consulting Group (BCG) aponta que o setor das TICs é agora responsável por 3 a 4% das emissões globais de CO2 — o dobro do nível do setor de aviação, por exemplo.


(Foto: agência epbr/Reprodução)



E a tendência é que a demanda continue crescendo.


Na estimativa da BCG, em 2021 a utilização de dados móveis deve ter um crescimento global de 60%, e a indústria poderá ser responsável por um recorde de 14% das emissões mundiais de CO2 até 2040.


Desse total, 90% das emissões virão de atividades da cadeia de distribuição, como o consumo de energia.


Por outro lado, os analistas da BCG veem no 5G uma oportunidade para a indústria de telecomunicações reduzir sua intensidade energética em até 70%.


Mas isso vai depender da parcela de fontes renováveis na energia consumida.


“Apenas algumas empresas de telecomunicações operam suas redes com energia 100% renovável. A maioria gera algumas emissões de escopo 1 e 2. Hoje, as principais empresas de telecomunicações estão trabalhando com todos os fornecedores para colocar em prática planos para reduzir as emissões de escopo 3 a zero até 2030”, diz o estudo.


Para fazer frente ao desafio, as operadoras no Brasil estão optando por geração distribuída com sistemas de armazenamento a bateria para substituir geradores a diesel.


De 2017 para cá, o custo percentual do lítio [para baterias] caiu muito (…) hoje essa tecnologia já está competitiva. A prova disso é que a grande maioria das operadoras já estão fazendo a opção de migrar para esse tipo de tecnologia. Não é algo novo que está em teste. Já está implantado”, diz Luciano.


De acordo com o executivo, a maioria das empresas de telecom tem metas de descarbonização e redução do consumo de diesel.


No campo da eficiência, uma aposta é a revitalização das instalações — o retrofit.


Luciano conta que as operadoras já estão no processo de virtualização das redes de comunicação e, com isso, revitalizando os prédios de operação.


Ao fazer o retrofit e utilizar novas tecnologias, ela libera espaço e melhora muito o consumo de energia, porque os novos equipamentos têm uma redução do consumo de energia relevante, a eficiência é muito maior, além de permitir um gerenciamento muito mais efetivo”, explica.



Transição energética nas telecoms brasileiras


GD na Vivo


No último dia 7, a Helexia, empresa do Grupo Voltalia, anunciou o início da construção de 17 unidades fotovoltaicas descentralizadas que abastecerão as instalações da Vivo.


Com início de operação previsto para o primeiro semestre de 2022, a companhia vai produzir energia operando 60 megawatts (MW) para atender mais de 5 mil pontos nos estados de Rondônia, Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo e Ceará.


Em janeiro do ano passado, a Vivo inaugurou sua primeira usina de geração distribuída de energia a partir do biogás no estado do Rio de Janeiro.


A planta, com capacidade de geração de mais de 11 mil MWh/ano, foi instalada em São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos.


A nova usina é parte do projeto da companhia de investir em geração distribuída. A iniciativa prevê a instalação de mais de 70 usinas em 23 estados e no Distrito Federal.


A aposta na geração de energia a partir de fontes renováveis envolve a geração solar, responsável pela produção de 61% da energia prevista no total pelo projeto, hídrica (30%) e de biogás (9%).


Quando estiver concluído, o projeto de geração distribuída da Vivo produzirá cerca de 670 mil MWh/ano de energia. O volume de geração representa mais de 80% do consumo em baixa tensão da companhia.



‘Energia da Claro’


A Claro inaugurou em junho a maior usina de geração distribuída a biogás do Brasil, com capacidade de geração de 4,65 megawatts médios (MWm). A energia gerada irá abastecer quase três mil unidades da empresa, entre torres de telefonia, datacenters e outras estruturas operacionais.


A expectativa da empresa é que a usina evite a emissão de mais de 15 mil toneladas de gás carbônico em um período de um ano.


A iniciativa integra o programa A Energia da Claro, lançado em 2017, que prevê o uso de fontes renováveis em todas as operações e instalações da empresa.


Em 2020, o programa alcançou a marca de 40% de geração própria de energia nas unidades de baixa tensão, além da aquisição de 100% de energia renovável no mercado livre.



ESG na TIM


Também em junho, a TIM emitiu de R$ 1,6 bilhão em debêntures do tipo Sustainability–Linked Bond (SLB), vinculadas a metas sociais e de sustentabilidade — em uma das maiores operações brasileiras de títulos ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança)


A primeira meta é aumentar a ecoeficiência no tráfego de dados em 80%, até 2025, o que significa reduzir o gasto de energia mantendo a qualidade de produtos e serviços, independente do aumento do uso de dados pelos clientes.


A segunda é levar a tecnologia 4G a todos os 5.570 municípios do Brasil até 2023.


Os recursos obtidos com a emissão vão financiar projetos de implantação, ampliação e modernização de redes fixa e móvel em diferentes tecnologias, incluindo 5G.




Fonte:

- Agência epbr



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