China corre contra o relógio para construir um hospital em 10 dias



China corre contra o relógio para construir um hospital em 10 dias
Escavadeiras em canteiro de obras de novo hospital sendo construído em Wuhan, na província central de Hubei, na China (Foto: STR/AFP/Correio 24 Horas/Reprodução)

 Que tal ouvir o artigo? Experimente dar o play ou fazer download para ouvir offline!



Nos arredores de Wuhan, na China, a construção de um hospital com mil leitos, para tratar pacientes com coronavírus, se assemelha a uma corrida contra o relógio, com centenas de trabalhadores, dezenas de escavadeiras e seus termômetros para detectar a pneumonia viral. "É preciso trabalhar rápido para combater a epidemia", diz um trabalhador, que prefere não dar seu nome.

 

Ele diz trabalhar nove horas por dia, "às vezes mais, às vezes menos, depende das necessidades". Em Wuham, epicentro da epidemia e uma cidade em quarentena, os hospitais ficaram sobrecarregados com o fluxo de pacientes afetados pela pneumonia, ou simplesmente com medo de contágio.

 

As autoridades decidiram, assim, iniciar a construção de dois novos hospitais, que devem ser concluídos em tempo recorde. Segundo a imprensa estatal, a construção do primeiro hospital começou na sexta-feira e será concluída em 3 de fevereiro, e terá uma área de 25 mil m². Um segundo hospital com mil leitos será construído dentro de duas semanas.

 

Segundo o jornal britânico The Guardian, pelo menos 45 máquinas retroescavadeiras chegaram em Wuhan durante a noite da última quinta-feira, dia 23. Imagem aérea da agência STR mostrou todas já no trabalho de preparação do terreno na última sexta-feira, dia 24.

 

 

"Vamos Wuhan!"

 


Engenharia Chinesa em ação - 24/01/2020 (Foto: STR/AFP/VEJA/Reprodução)

 

Ambos os hospitais receberão exclusivamente pacientes vítimas do novo vírus. "É preciso isolar os doentes e tratá-los o mais rápido possível", disse à AFP Chen Bingzhong, ex-chefe do Ministério da Saúde.

 

"O poder de contágio deste vírus é muito grande", diz ele. "Vamos lá, Wuhan!" são os dizeres de uma faixa colocada na frente de um caminhão da obra, que reproduz o grito de encorajamento que prevalece nesta cidade, uma vez que foi isolada do mundo.

 

Na área das obras, as escavadeiras carregam os caminhões com terra, enquanto o solo é preparado para ser a fundação do futuro hospital, onde teoricamente os primeiros pacientes devem chegar em uma semana. Técnicos foram ativados para instalar eletricidade, e outros o fazem com antenas 5G. Outros colocam a tubulação de água.

 

Os trabalhadores, que são levados para o setor de ônibus, devem passar por um controle de temperatura quando retornam para suas casas ou locais de descanso, localizados do outro lado da rua. Um guarda, com um termômetro eletrônico, testa sua própria temperatura em alguns segundos.

 

 

5G contra a epidemia

 


(Foto: Olhar Digital/Reprodução)

 

Durante 2019, muito foi falado como o 5G iria beneficiar diversas áreas, incluindo a saúde. Agora, a ZTE e a China Telecom vão utilizar a tecnologia para combater o avanço da epidemia de coronavírus. As empresas conduziram com sucesso o diagnóstico remoto da pneumonia na província de Sichuan com a ajuda da tecnologia 5G.

 

No último sábado (25), a ZTE construiu e interconectou o West China Hospital para o diagnóstico e o tratamento remotos. A Comissão de Saúde de Sichuan tornou o hospital como o ponto central do sistema 5G de diagnóstico.

 

Outros 27 hospitais aceitaram e estão tratando pacientes com o vírus. Na manhã desta segunda-feira (27), a Huawei anunciou que vai conduzir a construção da rede de internet 5G nestes hospitais.

 

Um dos primeiros a receber a nova conexão vai ser o que está em construção em Wuhan. Diversas outras empresas se mobilizaram para ajudar na luta contra a epidemia. A Xiaomi tem distribuído suprimentos e a Apple vai fazer doações para a região de Wuhan.

 

Já há casos confirmados em Japão, Tailândia, Coreia do Sul, França e Estados Unidos. Além disso, uma empresa americana está trabalhando em uma vacina para o vírus.

 

 

24h por dia

 


A China já construiu um hospital em Pequim em tempo recorde - uma semana - durante a mortal epidemia de SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave) em 2003.


Segundo a agência Xinhua, o novo hospital construído em Wuhan é projetado de acordo com o mesmo modelo, de módulos pré-fabricados. Um chefe de uma das empresas de construção disse que a agência "mobilizou todos os trabalhadores existentes em Wuhan", já que muitos estavam fora da cidade devido aos feriados do Ano Novo Chinês. "Eles operam em equipes para garantir o trabalho 24 horas por dia", afirmou.

 

Segundo o governo, o orçamento para construção e material dos dois hospitais é de 300 milhões de iuanes (cerca de R$ 181,2 milhões). Zang, um trabalhador que chegou há três dias de uma província vizinha, explica que seu trabalho será concluído em três dias. Em uma cidade traumatizada pelo vírus, Zang diz que não tem medo de contágio, pois todos estão bem na obra e os doentes estão hospitalizados.

 

 

Morcegos

 


Equipe médica transporta paciente em hospital da Cruz Vemelha, em Wuhan, na China. (Foto: Hector Retamal/AFP/G1/Reprodução)

 

Estudo publicado na última terça-feira, 21, pela revista Science China Life Sciences, apontou que o novo tipo de coronavírus está diretamente relacionado a uma cepa existente em morcegos. A suspeita é de que o vírus, que surgiu na cidade chinesa Wuhan, em dezembro de 2019, pode ter sido disseminado pelo consumo de uma sopa de morcego, comum na região.

 

Mais de 40 milhões de chineses foram isolados em suas cidades depois da imposição de restrições em outras cinco localidades para evitar a propagação do coronavírus.

 

A China confirmou nesta terça-feira (28) que chegou a 106 o número de mortes pelo novo coronavírus, sendo 100 apenas na província de Hubei, onde fica a cidade de Wuhan. Já há 4.515 infectados.

 

Nesta segunda-feira (27), também foi confirmada a primeira morte por complicações respiratórias causadas por coronavírus em Pequim. Segundo a rede estatal CCTV, a vítima é um homem de 50 anos diagnosticado com a doença na quarta-feira (22) após viagem para Wuhan.

 

Em uma tentativa de conter a propagação da doença, o governo chinês suspendeu as comemorações do Ano Novo Lunar e estendeu o feriado até o dia 2 de fevereiro. Grandes empresas fecharam as portas ou disseram aos funcionários para trabalhar de casa.

 

 

Fontes:

- G1 – Ciência  e Saúde

- UOL -  Internacional

- Correio 24 horas

- Carta Capital

- UOL – Internacional

- Olhar Digital

- VEJA


Pós-Graduação