Café Centenário. (Ilustração: Daniel da Silva/Fachada para o Café Centenário/Desenho – 1965/Col. Prefeitura de Petrópolis)
Na
cronologia dos incêndios que vêm destruindo a nossa história, agora sofremos
com esse último, em bonito sobrado no Centro
Histórico, no Centro de Petrópolis (RJ), em plena Rua do Imperador; edifício
no estilo eclético, muito frequente à época de sua construção, provavelmente do
início dos anos 30 do século XX, quando, segundo o livro de impostos da
prefeitura, já pertencia à família Ferreira Alves, e onde funcionaram o Club
Petrópolis, o Budge Club, bilhares e
o Café Centenário até 1967.
Em 1789,
as labaredas transformam em cinzas o Recolhimento
de Nossa Senhora do Parto, no Largo do Carmo, hoje Praça XV (RJ). Essa tragédia foi retratada por João
Francisco Muzzi em tela, hoje, na coleção dos Museus Castro Maya, importante
registro iconográfico do Rio de Janeiro setecentista.
Em março
de 1967 um
incêndio, aparentemente criminoso, destrói quase que por completo a Igreja do Rosário e São Benedito dos Homens
Pretos, na Rua Uruguaiana (antiga Rua da Vala, RJ). No episódio são
perdidos valiosos objetos do movimento
abolicionista, alfaias, adornos e paramentos setecentistas e oitocentistas.
Em 1986,
pega fogo o Edifício Andorinha, da
mesma época no nosso sobrado e também no Centro
Histórico do Rio de Janeiro; dos 13 andares da construção sobrou, apenas, um
painel de mosaico, único trabalho nessa técnica, de Belmiro de Almeida
(1858-1935), importante artista brasileiro. Tive a oportunidade de acompanhar a
restauração desse painel, que estava no hall
do edifício, para ser transportado para a Praça Emilinha Borba, onde, até hoje,
se encontra conservado pelos comerciantes ao redor.
Em
2002, apenas três anos após ser restaurada, um incêndio, de grandes proporções,
atingiu a Igreja Matriz de Nossa Senhora
do Rosário, em Pirenópolis, significativo conjunto histórico arquitetônico
do Centro-Oeste. Essa já, singelamente, reconstruída, mas com a dignidade de
sua importância sociocultural.
Em
2011, consumida pelas chamas, a Capela
de São Pedro de Alcântara da Reitoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
construção de 1852, guarda hoje, como lembrança do elegante templo neoclássico,
um Cristo de bronze, sem a cruz de madeira, em uma de suas paredes chamuscadas
de fuligem e de carvão.
Em 2015,
agora em São Paulo, é varrido pelas chamas o ainda novo Museu da Língua Portuguesa, o qual já teve o telhado refeito e se
planeja reinaugurar este ano. Menos mal.
Sem
querer me alongar mais nessa saga de um inferno, meio nômade, por nossas
terras, histórias e estórias, ao findar o ano passado, sofremos uma das maiores
perdas da história da humanidade, quando se viu arder, não só o Palácio da Quinta da Boa Vista em São
Cristóvão, coração do Império brasileiro, como a sua coleção de história
natural, mobiliário, iconografia, botânica, mineralogia e muito mais. Diz-se
que havia mais de 20 milhões de itens no
acervo... A indignação é grande, a dor incomensurável, e a esperança parece
ser vã, para um povo cada vez mais sem memória, cuja luz da chama não ilumina,
mas fere a alma.
Pós-Graduação
– Especialização em Preservação e Restauro do Patrimônio Histórico Edificado:
Arquitetura e Arqueologia
Coordenada pelos Professores M. Sc. Rogério Lima e Esp. Luciano
Cavalcanti a Pós-Graduação
lato sensu - Preservação e Restauro do Patrimônio Histórico Edificado -
Arquitetura e Arqueologia tem como principal objetivo formar
profissionais que possam desenvolver trabalhos nas áreas de arqueologia histórica e projetos de intervenções em edifícios
históricos, com foco na reinserção do bem histórico no cotidiano das
cidades.
Com carga horária de 400h, a
Especialização é um curso pioneiro que atende ao expressivo número de sítios
históricos espalhados pelo país, com intuito de valorizar sua importância
simbólica, social e funcional. Para isso, faz-se necessário a formação de
profissionais aptos a documentar,
restaurar, conservar e desenvolver tais edificações a fim de proteger o
patrimônio cultural do povo brasileiro.
Devidamente conectado com as
normas brasileiras, o Curso foi concebido para atender as demandas de intervenção, sem infringir as características
originais das edificações. Para tanto, dentro da grade de disciplinas,
abordaremos assuntos fundamentais como Teoria e história do Restauro - 20h,
Preservação e Proteção do Patrimônio Cultural - 20h, Centros Históricos: Conceitos
e Aspectos Socioeconômicos - 20h, dentre outras.
Além das disciplinas que
fundamentam a atividade, são 20h de Adaptabilidade e Preservação do Patrimônio,
20h de Metodologia do Projeto de Restauro, 20h de Método e Técnica em Pesquisa
Arqueológica, 20h de Práticas de Identificação e Documentação do Patrimônio Cultural,
20h de Requalificação Urbana de Centros Históricos, além de disciplinas de Arqueologia e Museologia.
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